Em algum momento de nossa vida, já fomos criticados por estar com raiva, solicitados a não ficar triste ou mesmo julgados por estar com medo.
Mas, será que podemos escolher as emoções que sentimos?
Não me parece muito proveitoso escolher sentir emoções que são desagradáveis, mas sentimos.
Antes de pensarmos sobre as possibilidades de lidar com nossas emoções, é preciso compreender que elas não são boas e nem ruins. Todas as emoções são importantes para nós, se nos fará bem ou mal dependerá de sua intensidade, do quanto conseguimos lidar com elas e do que escolhemos fazer a partir delas.
Veja três exemplos de como emoções aparentemente ruins são importantes para nós:
1. Raiva:
Os danos causados pelo seu extremo são muito bem conhecidos por todos. Nos tornamos mais agressivos, impacientes e injustos. Temos reações exageradas e imprevisíveis. Mas, na medida certa é a raiva que nos sinaliza internamente que estamos vivendo uma situação que não nos agrada, que nos limita ou que nos parece injusta. A raiva nos oferece o combustível para uma reação, a possibilidade de nos posicionarmos de forma ativa. O problema de quase todo combustível é que é inflamável, e pode explodir.
2. Tristeza:
Considerada uma emoção desagradável, pessoas não gostam de ficar tristes. Pode surgir de situações que são percebidas como fracassos, de perdas ou frustrações. Pode levar a pessoa a um movimento de retraimento, fechamento, evitação de contato com os outros. Porém, na dose certa, também é uma emoção que promove reflexão, reparação, estímulo para mudanças de atitudes e posicionamentos diante da vida, do outro e de si mesmo.
3. Medo:
Emoção básica para a preservação da vida. Procura preparar nosso organismo para reagir diante do perigo. As reações naturais diante do medo são de luta ou fuga, mas pode também ser de paralisação. Provoca uma transformação em nosso corpo, o coração bate mais rápido, os lábios se ressecam, a pele fica pálida, os músculos se contraem, é o corpo se preparando para uma reação imediata. Sem o medo, provavelmente você não se preocuparia ao atravessar uma rodovia com veículos transitando em alta velocidade, o que aumentaria as chances de ser atropelado. Portanto, a função primordial do medo é nos proteger e não o contrário. Porém, em excesso provoca reações exageradas do organismo, mesmo sem qualquer risco real. Em seu extremo pode levar à transtornos e fobias.
Portanto, o segredo é compreender o ensinamento de Paracelso, médico e físico do século XVI:
"A diferença entre o remédio e o veneno é a dose"
Podemos através de um processo de autoconhecimento identificar e compreender o que sentimos. A compreensão é o primeiro passo para desenvolver a habilidade de lidar com nossos sentimentos.
Sobre o autor: Daniel é psicólogo e psicoterapeuta, com formação na Abordagem Centrada na Pessoa, Ludoterapia e Psicopedagogia.